Para muitos Rastas, mudar para a Etiópia é um sonho. Felizmente para alguns este sonho se tornou realidade. Em 1963 o Imperador Haile Selasie I doou quinhentos hectares de terra para qualquer Africano que desejasse voltar para a Etiópia. Estas terras estão localizadas no município de Shashemene. A pequena cidade de Shashemene tem 13000 habitantes. 90% da população é Cristã e 10 % Muçulmana. A cidade tem muitos visitantes porque nesta esta o cruzamento para três grandes cidades Etíopes.
Prostituição é muito comum nesta cidade e muitas mulheres fazem bom dinheiro com este negócio. Fora da prostituição existe muito pouco contato entre os sexos. A economia da cidade é baseada no comércio agrícola. As mercadorias comercializadas são milho, feijão, batata, trigo, cevada e injera (um grão tradicional na cozinha Etíope).
Separados desta economia, os Rastas fixaram uma comunidade que fica a cinco quilômetros do mercado central de Shashemene. A vila cresceu dos originais 12 Rastafaris que chegaram a localidade para dez mil famílias. Quase todos os Rastafaris que moram na cidade vieram da Jamaica. Dos que não são, a maior parte são mulheres Etíopes que casaram com Rastas. Os Rastas que vivem la são membros da congregação Doze Tribos de Israel. Doze Tribos de Israel é a congregação mais bem organizada de Rastarais da Etiópia. A origem da igreja é da Jamaica e tem um ramo no Brooklyn, em Nova Iorque. A Doze Tribos de Israel tende a ser mais radical nas crenças que outras comunidades Rastas. Eles acreditam na volta de todos os Rastafaris para a Etiópia (África). As casas dos Rastafaris deste distrito são feitas de Barro, palha, cerâmica ou restos de concreto. As estruturas são bem firmes porém são todas de um só pavimento. Isso porque construir sobre pisos, eles acreditam que é invadir o espaço de Jah.
As paredes são porosas porque os Rastas dizem que assim eles podem respirar de lado de dentro da casa.
Os Rasta que vivem em Shashemene não sofrem nenhum tipo de controle do estado. A economia deles é completamente informal. Isso funciona porque a terra é muito fertíl e eles podem plantar tudo que necessitam para sobreviver. O que eles não conseguem plantar eles trocam pelos seus produtos no mercado central e existe ajuda que vem da Jamaica e outras organizações internacionais. Por isso as pessoas da Vila Rasta conseguem viver sem a interferência externa e sem ninguém para governar suas ações. Não existe diferença de classe dentro da comunidade. Projetos de trabalho são desenvolvidos por aqueles que tem mais conhecimento da área.
A vida das mulheres da comunidade de Shashemene não é muito legal. De fato elas são mais oprimidas que em outras comunidades Rasta. É comum mulheres apanhar por ter demorado demais ao ir para o mercado central. Os homens geralmente marcam o tempo de ir até o mercado e voltar sem perde tempo com conversas ou outros tipos de prazer. Se estas mulheres não voltarem dentro do plano de tempo pré-estabelecido, com certeza apanharam.
“ Ela me mostrou as cicatrizes que carrega por ter apanhado como punição por ter se atrasado das compras diárias. Seu marido marcava cuidadosamente o tempo de viagem ate o mercado e o atraso levantou suspeitas de infidelidade” (Lewi pg 112).
Isso é muito injusto, pois os homens vão para o mercado e perdem o tempo que quiserem, fumando maconha, escutando a BBC, vendo o que acontece no mundo e discutindo tudo isso com outros Rastas.
A vida dos homens da comunidade é muito diferente das mulheres. Os homens perdem a maior parte do tempo com atividades que não tem relação com trabalho. Eles passam a maior parte do tempo discutindo o mundo na visão Rastafari ou pintando retratos de Haile Selasie I. A maior parte dos Rastas que vive na comunidade não trabalham muito no campo. Os recém chegados fazem os serviços que normalmente são feitos na lavoura. Normalmente eles não ficam muito tempo porque eles são explorados pelos membros mais velhos.
Outras pessoas que vivem na cidade de Shashemene vêem os Rastas de diferentes maneiras. Alguns os rejeitam porque o estilo de vida deles é um conflito com o resto da comunidade, enquanto outros acham os Rastafaris é um grupo inofensivo que não prejudicam a comunidade.
Porém são poucos que acham que os Rastas fazem algo pra ajudar a cidade.
Existe algumas razões para algumas pessoas da cidade não gostar dos Rastafaris. Uma delas tem a ver com a pregação anti-violência dos Rastas, elas acham que eles são muito rápidos em puxar uma faca quando se desentendem uns com os outros. A segunda é que eles são preguiçosos e vendem as roupas no mercado que lhes são doadas por caridade. A terceira reclamação que a comunidade tem sobre eles é a mesma que em outros lugares que os Rastas vivem, é a reclamação sobre a Maconha.
“Tudo o que eles fazem é fumar Maconha, que os agricultores locais plantão pra eles. Algumas pessoas da cidade não gostam disso, assim como nossas crianças começarem a usar a Maconha também”. Disse Adbul Onduka, um mecânico de 27 anos.(Bhalla)
A quarta reclamação sobre os Rastas é que simplesmente a crença religiosa deles entra em conflito com as crenças Muçulmanas ou Cristãs.
Os Rastas de Shashemene dão boas vindas para qualquer Africano que queira viver na comunidade Rasta . Eles dizem que na comunidade deles cabe o numero de pessoas que quiser viver ali e que queiram voltar para a África. Os Rasta acreditam que vão transformar Shashemene na cidade mais importante da África. Eles proclamam que um dia ela será uma próspera cidade que derrotara a opressão do “Homem Branco”. Só que até agora os Rastas fizeram muito pouco ou nada para promover Shashemene.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
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ao meu ver os rastas querem de volta, aquilo que lhes é de direito, que um dia lhes foi tirado, a liberdade e a autonomia de seu povo africano
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